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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Nova espécie de macaco 'loiro' é descoberta na África

'Cercopithecus lomamiensis' é tímido, herbívoro e tem corpo magro. Primata anda em grupo e é encontrado em floresta do Congo.

Rafael Sampaio Do Globo Natureza, em São Paulo


Cientistas descobriram uma nova espécie de macaco nas florestas da República Democrática do Congo (RDC), na África. Conhecido pela população local como macaco-lesula, o animal tem grandes olhos cor-de-mel, rosto e peito cobertos por pelos loiros, com pelagem levemente negra no topo da cabeça e tom mais escuro nos ombros, braços, patas e no corpo.
Batizado de Cercopithecus lomamiensis, em referência à bacia do rio Lomami, no Congo, onde foi encontrado, o animal é parente do macaco cara-de-coruja (Cercopithecus hamlyni), de acordo com o estudo, publicado no periódico científico "PLoS One" nesta quarta-feira (12).
Macaco 'loiro' é tímido, tem corpo esguio e é herbívoro, segundo cientistas (Foto: Reprodução/"PLoS One")
Macaco 'loiro' é tímido, tem corpo esguio e é herbívoro, segundo cientistas (Foto: Reprodução/"PLoS One")
A pesquisa aponta que o animal vive tanto no chão quanto em árvores e tem uma dieta basicamente herbívora. Os cientistas usaram aparelhos GPS para marcar a exata localização dos espécimes encontrados, incluindo macacos mortos por caçadores locais, leopardos e águias.

Os primeiros dados científicos sobre estes primatas foram coletados em junho de 2007, quando uma fêmea jovem da espécie (que até então era desconhecida) foi encontrada em uma jaula em uma escola primária em Opala, cidade da República Democrática do Congo.
O animal tem porte médio, corpo magro e o rosto parcialmente livre de pelos, avaliam os cientistas. Quanto mais jovem o primata, mais loira é a pelagem que cobre o seu corpo.
Macho adulto da espécie recém-descoberta 'Cercopithecus lomamiensis' (Foto: Reprodução/"PLoS One") 
Macho adulto da espécie descoberta 'Cercopithecus
lomamiensis' (Foto: Reprodução/"PLoS One")
Tímidos
Estes macacos são tímidos e, entre os encontrados na região estudada do Congo, são os menos comuns  - de 223 observações de primatas feitas pelos cientistas durante o estudo, apenas 19 foram de "macacos loiros" ou macacos-lesula.
Os machos tem corpos maiores do que as fêmeas, dizem os pesquisadores. Para se comunicar, os animais emitem um grande guincho de baixa frequência sonora, similar aos seus parentes, os macacos cara-de-coruja.
Os macacos-lesula são encontrados em áreas de floresta úmida e tropical. Eles não foram identificados em savanas ou áreas de mata alagada, de acordo com o estudo.
Em geral os animais foram identificados em grupos, seja com indivíduos de sua espécie ou com outros primatas. Nos 19 encontros ocorridos durante o período de estudos dos cientistas, 48 primatas desta espécie foram vistos, sendo que 17 deles estavam no chão quando foram flagrados.
Os animais são pacíficos e fugiram na maior parte dos encontros com os cientistas, registra a pesquisa. Os cientistas registraram que a espécie é comum na bacia do rio Lomami, tendo sido identificada seguidas vezes em uma área de 17 mil km². Eles apontam que o lesula era até agora desconhecido por haver pouca pesquisa científica na região em que o animal foi encontrado.
Os bandos de "macacos-loiros" podem reunir cinco indivíduos ou mais. Geralmente são encontradas fêmeas jovens acompanhadas de um macho adulto. A nova espécie foi descoberta por uma equipe de cientistas de várias instituições, como a Universidade Columbia, a Universidade da cidade de Nova York, o Museu de História Natural (todas nos Estados Unidos), a Sociedade Lukuru para Pesquisa da Vida Selvagem e a Sociedade de Conservação da Vida Selvagem do Congo (ambas no Congo).
Filhotes do primata macaco-lasula capturados em região da República Democrática do Congo (Foto: Reprodução/"PLoS One")
Filhotes do macaco-lesula capturados na República Democrática do Congo (Foto: Reprodução/"PLoS One")
 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Evolução »
DNA lança luz sobre primos misteriosos do homem
AFP - Agence France-Presse
Publicação: 31/08/2012 16:18Atualização:
Exposição na França sobre o Homem de Neandertal. Foto: AFP/Arquivo/Pierre Andrieu
Exposição na França sobre o Homem de Neandertal. Foto: AFP/Arquivo/Pierre Andrieu
Um fragmento de osso encontrado em uma caverna da Sibéria lançou luz sobre a odisseia genética de um grupo enigmático de humanoide chamado homem de Denisova, ou denisovaniano, anunciaram cientistas nesta quinta-feira.

A existência dos denisovanianos só veio à tona em 2010, graças a um pedaço do osso do dedo e dois molares escavados na Caverna de Denisova, nas montanhas Altai, no sul da Sibéria, e datados de cerca de 80 mil anos.

Mas como era a aparência destes humanos e o que aconteceu com eles continuou um mistério.

Nada se sabia, a não ser que foram contemporâneos dos neandertais - outra espécie "prima" do 'Homo sapiens', que pode ter sido extinta com a chegada do homem moderno ou, dizem alguns, se miscigenou com ele.

Antropólogos alemães realizaram o que chamam do estudo mais completo e preciso do DNA do homem de Denisova, graças a uma minúscula amostra do osso de um dedo.

Ele mostra que o dedo pertenceu a uma menina e a comparação dos cromossomos herdados de sua mãe e seu pai sugere que os indivíduos pertenciam a um grupo com vínculos muito estreitos, já que há poucos sinais de grande disseminação genética.

Mas uma comparação do genoma com o de 11 humanos modernos de diferentes partes do mundo sugere que eles podem ter se espalhado por regiões da Ásia.

As populações modernas das ilhas do sul da Ásia, incluindo Papua Nova Guiné, compartilham genes com eles, incluindo variações que são associadas a pele escura, cabelos e olhos castanhos.

Mesmo assim, a semelhança genética do homem de Denisova com o 'Homo sapiens' é limitado, segundo o artigo, publicado na revista americana Science.

A comparação aponta para 100 mil mudanças no genoma do 'Homo sapiens' desde o reinado dos denisovanianos.

Muitas delas são associadas com a função cerebral e o desenvolvimento do sistema nervoso, e outras podem afetar a pele, os olhos e a forma dos dentes.

"Esta pesquisa ajudará a determinar como as populações humanas modernas se expandiram dramaticamente em tamanho assim como em complexidade cultural, enquanto os humanos arcaicos foram diminuindo em número e acabaram extintos fisicamente", explicou o chefe das pesquisas, Svante Paabo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, leste da Alemanha.